Petrobras (PETR4): vale a pena comprar ações após lucro da empresa saltar 49%?

A Petrobras divulgou ontem (12), após o fechamento do pregão, que encerrou o primeiro trimestre de 2025 com lucro líquido de R$ 35,2 bilhões, uma alta de 48,6% ante os R$ 27,7 bilhões registrados no mesmo mesmo período do ano passado. A receita de vendas da estatal somou R$ 123,14 bilhões, alta de 4,6% na comparação anual. Segundo analistas, o resultado não trouxe grandes surpresas, já que o relatório de produção divulgado anteriormente já trazia números robustos. Com isso, as ações não devem ter movimentos fortes hoje.

Segundo Phillip Soares, chefe de análise da Options & Co., não houve grandes surpresas no resultado da companhia, uma vez que a companhia já havia divulgado dados robustos no seu relatório de produção. “Em geral, vimos números dentro da normalidade”, afirma. Com isso, as ações não têm um motivo para ter um “solavanco” no pregão de hoje.

Marco Saravalle, estrategista-chefe da MSX Invest, concorda que os resultados vieram “bem dentro da expectativa do mercado”, o que deve limitar a reação das ações hoje em relação ao resultado em si. Ainda assim, o estrategista afirma que o balanço trouxe “números muito bons” e a companhia continua gerando valor para o acionista em termos de dividendos.

Um ponto de atenção, na visão de Saravalle, é o nível de alavancagem da companhia. “Ela vem subindo trimestre a trimestre. Nós entendemos que são investimentos pesados que estão sendo feitos e daqui a pouco,nos próximos trimestres, começaremos a ver aumento da produção e geração de caixa. Assim, essa alavancagem tende a ficar estável e até marginalmente em queda. Mas é um ponto de alerta devido a preocupação que tivemos no passado”, diz.

Soares, por sua vez, vê “ameaças de deterioração incremental na alocação de capital” da empresa. O risco, segundo Soares, é de que a companhia tome decisões de investimento que não otimizem o retorno para os acionistas, o que pode comprometer o desempenho futuro da companhia. “Tivemos descoberta grande no pré-sal, a margem equatorial segue andando, esse tipo de investimentos nós gostamos. Mas quando a companhia retoma conversas acerca de indústria naval local, investimentos em posto de gasolina, refino e outras atividades que saem da sua atividade principal, achamos arriscado”, diz.

Apesar da alta recente do petróleo devido ao acordo entre Estados Unidos e China, Soares não tem uma visão positiva para o preço da commodity no curto prazo, o que pode impactar as ações . É importante lembrar que antes da negociação entre as duas potências, os investidores temiam que o embate trouxesse uma desaceleração no crescimento global, o que afetaria a demanda por energia e, consequentemente, o preço do petróleo.

Saravalle, por sua vez, está mais otimista com o petróleo. “O cenário global arrefecendo no sentido de tensões geopolíticas e guerra comercial, vemos o petróleo se estabilizando e o investidor voltando a olhar para esse setor, que ficou pra trás, mas continua saudável e gerando caixa”, afirma. Para ele, as ações representam uma boa oportunidade de longo prazo, especialmente para quem busca ganhos com dividendos.

Já a Options & Co. não tem recomendação de compra para o papel.

Mais dados do balanço
O balanço da companhia refletiu efeitos da melhora no resultado financeiro, positivo em R$ 10,6 bilhões, beneficiado pela valorização de 7% do câmbio no fim do período, refletindo os efeitos da variação cambial sobre as dívidas entre a Petrobras e suas subsidiárias no exterior.

Os eventos exclusivos no trimestre tiveram um impacto positivo de R$ 17,6 bilhões, explicados por um ganho de R$ 18,36 bilhões com variação cambial do real frente ao dólar, parcialmente compensado pelo imposto de renda e contribuição social sobre estes efeitos, que gerou gastos de cerca de R$ 6 bilhões, além de outros eventos não recorrentes.

O resultado antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) ajustado teve aumento de 1,7% no trimestre, para R$ 61,08 bilhões, ante os R$ 60,04 bilhões do período de janeiro a março do ano anterior.

Autor/Veículo: Valor Investe

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